quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

A integridade do evangelho: Uma avaliação do neopentecostalismo





A integridade do evangelho: Uma avaliação do neopentecostalismo


Elas ocupam um enorme espaço na televisão aberta, chegando a milhões de lares brasileiros todos os dias. As três mais conhecidas e salientes têm nomes parecidos — Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus e Igreja Mundial do Poder de Deus. Esses nomes apontam para objetivos ousados e ambiciosos. Seus líderes máximos adotam, respectivamente, os títulos de bispo, missionário e apóstolo. Elas são o fenômeno mais recente, intrigante e explosivo do "protestantismo" tupiniquim. Trata-se das igrejas neopentecostais, denominadas por alguns estudiosos "pentecostalismo autônomo", em virtude de seus contrastes com os grupos mais antigos desse movimento.
É difícil categorizá-las adequadamente, não só por serem ainda recentes, mas porque, ao lado de alguns traços comuns, também apresentam diferenças significativas entre si. A Igreja Mundial investe fortemente na cura divina. Seu apóstolo garante que ninguém realiza mais milagres do que ele. Seu estilo é personalista e carismático. Caminha no meio dos fiéis, deixa que as pessoas recolham o suor do seu rosto para fins terapêuticos, às vezes é ríspido com os auxiliares. O missionário da Igreja Internacional é simpático e bonachão; parece um pastor à moda antiga. É também polivalente: prega, canta, conta piadas, anuncia produtos e serviços. Controla com rédea curta o seu pequeno império. Todavia, nenhuma dessas igrejas vai tão longe na ruptura de paradigmas quanto a IURD. Dependendo do ângulo de análise, parece protestante ou católica. Seu carro-chefe é a teologia da prosperidade. Defende sem pejo a ética da sociedade de consumo. Seu líder está entrando na lista dos homens mais ricos do país.
Desde o início, o cristianismo tem exibido uma grande variedade de manifestações, algumas bastante inusitadas. Foi o caso do gnosticismo e do marcionismo nos primeiros séculos, das seitas apocalípticas na Idade Média e de alguns grupos resultantes dos reavivamentos nos Estados Unidos do século 19. Porém, nenhum movimento tem sido tão pródigo em termos de quantidade e diversidade de ramificações quanto o pentecostalismo contemporâneo. No atual ambiente pluralista e inclusivista, muitos observadores vêem nessa multiplicidade um sinal de vitalidade, de dinamismo. Todavia, há sinais preocupantes nos ensinos e práticas de certos grupos. Na célebre Confissão de Fé de Westminster (1647), os puritanos ingleses colocaram a questão em termos de diferentes graus de pureza das igrejas cristãs — cap. 25.4,5 (igrejas mais puras e menos puras). Uma avaliação simpática e honesta das igrejas neopentecostais aponta para alguns aspectos que precisam ser reconsiderados a fim de que elas se tornem genuínos instrumentos do evangelho de Cristo.
O problema hermenêutico
Uma grave deficiência dessas novas igrejas está na maneira como interpretam a Bíblia. Os reformadores protestantes insistiram no valioso, porém arriscado, princípio do "livre exame das Escrituras", ou seja, de que todo cristão tem o direito e o dever de ler e estudar por si mesmo a Palavra de Deus. Acontece que muitos viram nisso uma licença para a livre interpretação do texto sagrado, o que nunca esteve na mente dos líderes da Reforma. Eles lutaram contra uma abordagem individualista e tendenciosa da Escritura, insistindo na adoção de princípios equilibrados de interpretação que levavam em conta o sentido literal e gramatical do texto, a intenção original do autor, o contexto histórico das passagens e também a tradição exegética da igreja. Por essas razões, eles rejeitaram o antigo método de interpretação alegórica, isto é, a busca de sentidos múltiplos na Escritura, por entenderam que ela obscurecia e distorcia a mensagem bíblica.
Em muitas igrejas neopentecostais nada disso é levado em consideração. A Bíblia se torna um joguete, uma peteca lançada para lá e para cá ao sabor das conveniências. Tomam-se diferentes declarações, episódios e símbolos bíblicos e, sem esforço algum de interpretação, passa-se diretamente para a aplicação, muitas vezes de uma maneira que nada tem a ver com o propósito original da passagem. O que é ainda mais grave, os textos bíblicos são usados de modo mágico, como se fossem amuletos ou talismãs, como se tivessem um poder imanente e intrínseco. A Bíblia é encarada prioritariamente como um livro de promessas, de bênçãos, de fórmulas para a solução de problemas, e não como a revelação especial na qual Deus mostra como as pessoas devem conhecê-lo, relacionar-se com ele e glorificá-lo.
Uma nova linguagem
Na sua releitura da Bíblia, os neopentecostais por vezes criam uma nova terminologia, muito diferente dos conceitos bíblicos tradicionais. Privilegiam-se expressões como "exigir nossos direitos", "manifestar a fé", "declarar a bênção", todos os quais apontam para uma espiritualidade antropocêntrica, ou seja, voltada para as necessidades, desejos e ambições dos seres humanos, e não para a vontade e a glória de Deus. Alguns dos temas bíblicos mais profundos e solenes redescobertos pelos reformadores do século 16 são quase que inteiramente esquecidos. Não mais se fala em pecado, reconciliação, justificação pela fé, santificação, obediência. O evangelho corre o risco de ficar diluído em uma nova modalidade de auto-ajuda psicológica, deixando de ser "o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê".
O conceito de fé talvez seja aquele que esteja sofrendo as maiores distorções. No discurso de muitas igrejas do pentecostalismo autônomo, a fé se torna uma espécie de poder ou varinha de condão que as pessoas utilizam para obter as bênçãos que desejam. Deus fica essencialmente passivo até que seja acionado pela fé do indivíduo. É verdade que Jesus usou uma linguagem que aparentemente aponta nessa direção ("tudo é possível ao que crê", "vai, a tua fé te salvou"). Mas o conceito bíblico de fé é muito mais amplo, a ênfase principal estando voltada para um relacionamento especial entre o crente e Deus. Ter fé significa acima de tudo confiar em Deus, depender dele, buscar a sua presença, aceitar como verdadeiras as declarações da sua Palavra. O objeto maior da fé não são coisas, mas uma pessoa — o Deus trino.
Fundamento questionável
A teologia da prosperidade, que serve de base para boa parte da pregação e das práticas neopentecostais, é uma das mais graves distorções do evangelho já vistas na história cristã. Essa abordagem teve início nos Estados Unidos há várias décadas, sob o nome de "health and wealth gospel", ou seja, evangelho da saúde e da riqueza. No neopentecostalismo, essa se torna a principal chave hermenêutica das Escrituras. Tudo passa a ser visto dessa perspectiva reducionista acerca do relacionamento entre Deus e os seres humanos. O raciocínio é que Cristo, através da sua obra na cruz, veio trazer solução para todos os tipos de problemas humanos. Na prática, acaba se dando maior prioridade às carências materiais e emocionais, em detrimento das morais e espirituais, muito mais importantes.
Tradicionalmente, as maiores bênçãos que o homem podia receber de Deus incluíam o perdão dos pecados, a reconciliação, a paz interior e, num sentido mais amplo, a salvação. Dentro da nova perspectiva teológica, as coisas mais importantes que Deus tem a oferecer são um bom emprego, estabilidade financeira, uma vida confortável, felicidade no amor e coisas do gênero. É uma nova versão da tese do sociólogo alemão Max Weber, segundo o qual os calvinistas buscavam no sucesso econômico a evidência da sua eleição. Os problemas da teologia da prosperidade são diversos: (a) falta de suporte bíblico — a Escritura aponta na direção oposta, mostrando a armadilha em que caem os que se preocupam com as riquezas; (b) empobrecimento da relação com Deus, concebida em termos interesseiros e mercantilistas; (c) incentivo a atitudes de individualismo, egocentrismo e falta de solidariedade; (d) tendência para a alienação quanto aos problemas da sociedade.
Conclusão
O neopentecostalismo representa um grande desafio para as igrejas históricas e mesmo para as pentecostais clássicas. Esse movimento tem encontrado novas formas de atrair as massas que não estão sendo alcançadas pelas igrejas mais antigas. Nem todos os grupos padecem dos males apontados atrás. Muitas igrejas neopentecostais são modestas, evangelizam com autenticidade e não se rendem à tentação dos resultados rápidos, dos projetos megalomaníacos e dos métodos incompatíveis com o evangelho. O grande problema está nas megaigrejas e seus líderes centralizadores, ávidos de fama, poder e dinheiro. Estes precisam arrepender-se e voltar às prioridades da mensagem cristã, buscando em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, para que então as demais coisas lhes sejam acrescentadas.

sábado, 19 de dezembro de 2009

A referência que precisamos (Natal)






2º Coríntios - 1 - 18 : 22
Vivemos em um mundo cada vez mais desreferenciado...
Mundo que se ocupa em relativizar tudo.
Em minar e destruir qualquer tipo de âncora segura, de baliza que possa ser apontada como algo constante, absoluto e confiável.
Ouvimos seguidamente pessoas dizerem coisas do tipo: “cada um tem a sua verdade!”, “a verdade de um não é a mesma do outro!”, “qualquer verdade vale, se ela te faz feliz!”, ou “não existem verdades, tudo é relativo!”

Tudo isso não é novidade...
Também Pilatos (Jo 18.38) perguntou: “o que é a verdade?”
Existe verdade? Existe uma verdade? Existe “a” verdade?
De fato, no mundo em que vivemos, construído e definido pelo conhecimento humano, as verdades são convenções que estabelecemos, e que uma vez aceitas, se tornam nas verdades em torno das quais organizamos a vida, e a sociedade...
É impossível viver sem um sistema de crenças, de verdades... a vida de cada um de nós, de cada ser humano, é fruto de suas crenças, de suas verdades... mesmo a daqueles que afirmam que não existe verdade alguma, que se dizem agnósticos ou ateus...
Todos são fruto de suas verdades, daquilo em que acreditam!

Nesta época de Advento, na semana que antecede a comemoração do Natal, novamente somos confrontados com as muitas distorções e relativizações que se construíram em cima da comemoração do Natal.
Num dos grupos de Advento, no último Domingo, entre muitas coisas que compartilhamos, o Fernando nos contou da sua experiência no Canadá, onde na Universidade havia uma convenção politicamente correta de que se podia desejar um “happy holliday!”, mas não um “merry Christmas!”.
Muito absurdo! Pois o feriado é cristão, é a data que reservamos para lembrar o nascimento do Salvador, é para adorar a Deus pela chegada do Messias, e quem não pode ou não quer fazer isto, que suprima o feriado, não comemore, vá fazer outra coisa... como os mórmons ou testemunhas de Jeová!
Perdemos completamente as referências... Pois, no feriado que existe para celebrar o nascimento de Jesus, não poder falar nele... é dose!!!

E o que Ele diz de si mesmo?
Em Jo 14.6, aquele que celebramos diz “eu Sou a verdade!”
Noutra ocasião, Ele afirma:
“E conhecereis a verdade, e a VERDADE vos libertará!” Jo 7.33
Sim, mesmo vivendo num mundo de verdades construídas, cremos em alguém que construiu o mundo e tudo o que nele há! Alguém que é a Verdade, antes que nós pudéssemos conhecer e estabelecer qualquer verdade!
Ele não está sujeito às transitoriedades deste mundo, pois Ele mesmo as criou e fez, dentro de um propósito maravilhoso, do qual nós também fazemos parte.

No texto indicado para este dia, o apóstolo Paulo fala destas duas grandezas.
Ele estava sendo cobrado por causa de uma promessa de visita que lhes havia feito e ainda não cumprido.
Ele expõe suas razões para tanto, mas lembra aos membros da Comunidade de Corinto que, mesmo diante das falhas e limitações humanas, ele lhes havia anunciado alguém que não está sujeito à isso:
“Alguém em quem não há sombra de dúvidas!”
Alguém que não falha em suas promessas, e cumpre com cada uma delas. Nele o SIM se faz presente, pois Ele é fiel.

Ele disse que enviaria o Salvador, e pela boca do profeta Isaías (7.14) disse que seria de uma virgem, e assim o foi!
Para Miquéias (Mq 5.2) revelou que o eterno nasceria em Belém, e assim o foi.
Para Oséias (Os 11.1) falou que ele viveria sua infância no Egito, e assim o foi.
Também para Isaías (Is 9.1-2) fora dito que na Galiléia ele exerceria o seu ministério, a assim se cumpriu!
E assim são tantas outras as promessas de Deus que se cumpriram e se cumprem ao longo da história. Deus é fiel!
E assim também será em relação ao que ainda há de se cumprir!

Este mesmo Deus que no Natal afirmou o seu SIM para com a humanidade, escolheu nascer e viver no meio de nós, espera que não lhe fechemos a porta da nossa vida.
Ele também espera pelo teu SIM.
E este é o grande mistério do Advento, que foi anunciado a Maria, e desde então, se oferece a cada um de nós: Jesus nasceu, viveu entre nós e morreu em nosso lugar. Ele não veio para dar uma voltinha na Terra, ver “in loco” como é viver neste mundo, mas veio para nos resgatar. Veio por que ama a cada um de nós, e não se conforma em nos perder.

As portas se lhe fecharam em Belém, e ele acabou nascendo na estrebaria. Jo 1.11 diz que ele veio para os que eram seus, mas os seus não o receberam... Ao morrer, diz Hb 13.12 que ele sofreu e morreu fora da porta, fora da cidade, mais uma vez excluído até a morte.
O mundo continua querendo celebrar as dádivas, a graça e o amor de Deus, sem a presença dele.
Continuam celebrando o Natal, sem querer acolher o Salvador!

Para cada pessoa que “cai em si”, e compreende que este mundo tem dono, que existe uma verdade, não construída, mas eterna, e que Ele quer ser acolhido em nossos corações, ela recebe um SELO.
Ela recebe e a marca de que é, doravante, propriedade de Deus.
E não há força, não há poder no mundo, que possa tirar tal pessoa das mãos de seu Deus!
Podem até lhe tirar a vida, como no Irã, a tiraram do pastor Tourani, nesta semana, por anunciar o Senhor do Natal.
Sim, os inimigos de Deus podem fazer qualquer coisa, menos me arrancar das mãos de meu fiel Senhor.
Assim Paulo canta em Rm 8.31: nada pode nos separar do amor de Cristo! Nada fora de nós mesmos pode destruir a nossa fé!

E qual é a garantia? Qual é este SELO?
É o próprio Espírito Santo, dado e derramado sobre todo o que crê!
É aí que se consuma a alegria do verdadeiro Advento!
É quando a obra conquistada e consumada por Deus em Jesus chega aos nossos próprios corações e toma conta das nossas vidas.
A alegria do Espírito Santo em nossos corações se torna tal, que não temos dúvidas.
Estamos entre os selados. Somos de Cristo. Novas criaturas.
Podemos ter a certeza da salvação!
Agora vivemos pela Verdade e para a Verdade.
Nosso hiato de vida neste mundo se torna apenas um pequeno prelúdio do que um dia será a plenitude da vida no Reino da Trindade.
Diante de tal superioridade e grandeza, Paulo pode chegar a afirmar que até a morte se torna em lucro! Fp 1.21
Diante desta expectativa, ele até chega a gemer por ser revestido de um novo corpo, espiritual, o corpo da habitação celestial (2 Cor 5.2).

Amados, não deixemos que o brilho das luzes deste mundo nos ofusque, a tal ponto de não mais percebermos as verdades eternas.
De não atentarmos quando o Salvador bate a nossa porta, e dizermos como o dono das hospedarias em Belém, quando do seu nascimento: “infelizmente, aqui não há lugar para ti!”.
Está cheio... minha casa está lotada... não há espaço para abrigá-lo!
As coisas deste tempo, deste mundo, tomaram todo meu tempo, minhas energias e meu esforço! Minha agenda está lotada. Deus, não há lugar para ti. Eu até gostaria, mas... não dá!
Meu trabalho, meus esforços, vês que procuro ser correto, honesto, mas tá cheio, tu não cabes mais aí!!!!
Não tenho mais olhos para esperar e crer num Salvador...

Mesmo que você ande decepcionado, frustrado, com o seu trabalho, com as pessoas, com os governos, com tantas coisas, e até consigo mesmo, há uma boa nova:
Deus em sua graça ainda olha para você e lhe espera com um SIM!
Sim, eu te amo!
Sim, Eu quero cuidar de ti, te restaurar, te consolar, te fortalecer, te dar uma nova vida, com novos valores, sentido, esperança...
O que ainda esperas?
Entramos na semana do Natal?
Jesus ficará mais uma vez batendo do lado de fora, sem encontrar um lugar em tua vida, tua família?
Pense nisso!!!
Enquanto oramos, eu gostaria de convidar à todos aqueles que nunca tiveram a oportunidade de abrir a porta, de dizer, sim Senhor, eu quero que entres, eu quero que sejas não só o dito Messias nascido em Belém, há mais de dois mil anos, mas que sejas também o MEU SALVADOR, a estes eu convido para ficarem de pé, como um sinal concreto diante de Deus da sua disposição em viver uma vida NOVA, recebendo o Espírito Santo como selo e garantia de sua salvação!
Deus nos abençoe.